terça-feira, 19 de novembro de 2024

Sylvette sempre teve um olhar curioso

 




Sylvette sempre teve um olhar curioso, daqueles que enxergam o que muitos deixam passar. Nascida em Alexandria, no Egito, sua infância foi recheada de cores, cheiros e sons vibrantes. Ela lembrava-se dos cinemas ao ar livre, onde as sombras dançavam nas paredes das casas enquanto ela, deitada na areia quente, sonhava com o mundo lá fora. Desde pequena, a vontade de explorar pulsava em seu coração.

Aos 14 anos, Sylvette embarcou em uma grande aventura. Com um misto de ansiedade e excitação, deixou sua cidade natal e atravessou mares e continentes até chegar ao Brasil. Era um novo mundo, e com ele, uma nova vida cheia de aventuras. Enquanto se acostumava com as areias da praia que agora eram suas, recordava as memórias do Egito, mas também estava animada para criar novas.

Nos verões quentes, a praia se tornava seu refúgio. Com um balde em mãos, ela colecionava algas e preparava seu famoso suco verde, que fazia sucesso. E ah, a Coca-Cola! O sabor doce era como uma festa, simbolizando todas as delícias da juventude. Um dia, enquanto se divertia na água, Sylvette ouviu uma voz familiar ecoar em sua mente: “O que você guarda na memória é seu verdadeiro tesouro.” Eram as palavras de seus pais, que a acompanhariam por toda a vida.

Um dos momentos mais marcantes de sua juventude aconteceu aos 18 anos, quando decidiu visitar um vilarejo em Itanhaém com uma amiga. As duas estavam

tão animadas que, ao perceberem que estavam prestes a perder o trem, entraram em pânico. Sem pensar, desceram um morro rolando, rindo e gritando de adrenalina. Conseguiram carona com um caminhoneiro, que gentilmente as levou pela praia, esperando a maré baixar. Essa lembrança se tornaria uma história que elas contariam por toda a vida, cheia de risos e coragem.

Sylvette sempre acreditou que a beleza de um lugar depende do estado de espírito de quem o visita. A primeira vez que viajou para a Europa, aos 9 anos, teve uma experiência mágica em um vilarejo na Áustria. Durante uma procissão, fez um pedido inocente, queria ver neve. No dia seguinte, acordou com um manto branco cobrindo tudo. Aquela cena de contos de fadas definiu sua paixão por viajar.

As danças com seus amores jovens ainda estavam frescas em sua memória. Ela se lembrava da música "Stranger in the Night", de Frank Sinatra, ecoando enquanto dançavam, seus corpos colados, envolvidos em um clima de romance. Esses momentos eram cobertos pela presenças de pessoas queridas em sua vida, que deixaram marcas. Seus pais e professores sempre foram fontes de inspiração, oferecendo lições que a moldaram ao longo do tempo.

Ao refletir sobre sua vida, Sylvette lembrou com carinho do dia em que completou 50 anos. A sensação de liberdade era indescritível, ela finalmente se sentiu leve, sem o peso das expectativas alheias. E foi nesse momento de autodescoberta que se apaixonou ainda mais por viver.

As tradições familiares que mais amava eram as viagens, algo que seu pai havia ensinado desde cedo. Ele a levava do Egito ao Cairo, e essas memórias tornaram essenciais. Em seu aniversário de 35 anos, decidiu se dar um presente especial, um vestido de noite azul turquesa. Naquela noite, ela se sentiu como uma verdadeira rainha, exalando confiança e alegria.

As iguarias sírias preparadas por sua mãe sempre a transportavam de volta ao passado. Cada mordida em uma esfirra ou gole de suco de romã era como uma viagem no tempo. E assim como as delícias culinárias, as amizades que cultivou eram inúmeras, cada uma trazendo alegria e aprendizado.

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