terça-feira, 9 de dezembro de 2025

O Cavalo Mágico


 

Essa é a história de um garotinho chamado José, ele morava em uma linda e grande fazenda, nela havia vários animais, vacas, porcos, galinhas, patos e muitos outros. Seu sonho era conhecer o mundo todas as maravilhas que nele existem, ele estudava sobre geografia e história só para conhecer um pouco sobre os diferentes lugares pelos quais ele adoraria passear, decorava rotas e colava fotografias de lindas paisagens em seu quarto. Porém, José tinha uma doença rara e dificultava seu caminhar e seu medo era nunca ser capaz de realizar seus sonhos.

No dia de seu aniversário de 7 anos, o garotinho não estava tão animado como de costume, pois seu único desejo era passear pelas ruas de Paris, mas seu pai lhe presenteou com algo mágico, um cavalo, grande, de crista sedosa e pelos brancos como a neve, assim que o viu seus olhos brilharam, seu coração se encheu de alegria e algo mudou dentro daquela criança. Ele nomeou o alazão de Baguette, pois ele desejava muito comer os baguetes de Paris. O tempo foi se passando e a conexão entre o pequeno José e Baguette foi se tornando cada vez mais forte, eles viraram melhores e amigos e Baguettes levava o rapazinho para todo lugar que ele quisesse.

Um dia, José acordou animado para montar em seu cavalo, levantou, escovou os dentes, tomou seu café da manhã e saiu de casa correndo para o estábulo, isso mesmo, correndo!

As pernas de José estavam fortes o suficiente para que ele pudesse percorrer longas distâncias e ao perceber isso, ele ficou muito animado, pois viu que seria capaz de conhecer o mundo inteiro.

Quando José chegou ao estábulo, encontrou Baguettes o esperando, reluzente como nunca. Era como se o cavalo soubesse da transformação que acontecera com seu amigo. Com lágrimas nos olhos e o coração pulsando de felicidade, José abraçou Baguette com força.


Naquele instante, algo ainda mais mágico aconteceu: Baguette falou. Sim, com uma voz serena e profunda, ele disse:

 

"Você sempre teve a força dentro de você, José. Eu apenas ajudei a despertar sua coragem. Agora, é hora de irmos além."

 

Num piscar de olhos, Baguette bateu os cascos no chão, e uma luz dourada os envolveu. Quando José abriu os olhos, não estavam mais na fazenda. Estavam em Paris! A Torre Eiffel se erguia à sua frente, majestosa, e o cheiro doce dos crepes se espalhava pelo ar. José montou em Baguette passeou pelas ruas, sorrindo para os artistas de rua, atravessando as pontes sobre o Sena e saboreando cada pedacinho de sua tão sonhada aventura.

Mas Baguette explicou que aquele era apenas o começo. Graças à mágica da amizade verdadeira e à força que José descobrira em si mesmo, ele poderia visitar qualquer lugar que desejasse. E foi o que eles fizeram: viajaram pelo mundo, conheceram desertos dourados, florestas encantadas, montanhas que tocavam o céu e oceanos de águas brilhantes.

José cresceu forte, sábio e corajoso, sempre com Baguette ao seu lado. E, onde quer que fosse, contava a história de um cavalo mágico que acreditou em um menino antes mesmo que ele acreditasse em si próprio.E assim, José aprendeu a maior lição de todas: os sonhos moram dentro do coração — e com coragem, amizade e fé, eles podem se tornar realidade.

A Máquina do Tempo das Férias


 

José era um garoto de 13 anos que vivia numa cidade grande, onde tudo parecia rápido demais. As pessoas andavam apressadas, os dias passavam voando e quase ninguém tinha tempo para contar histórias ou brincar na rua. Numa tarde chuvosa e entediante, José resolveu explorar o porão do prédio onde morava. Entre caixas antigas e teias de aranha, encontrou um objeto curioso: uma poltrona coberta de poeira, com botões coloridos e um aviso colado na lateral que dizia: “Máquina do Tempo da Memória – Use com cuidado.”

 

Sem pensar muito, ele apertou o botão verde. Imediatamente, tudo ao seu redor começou a girar, as luzes piscaram, e um vento invisível o envolveu como se estivesse sendo levado para outro lugar. Quando abriu os olhos, José não estava mais no porão. À sua frente, uma rua de paralelepípedo se estendia sob um céu limpo, o ar tinha cheiro de pão fresco e sons de risadas enchiam o ambiente. Uma placa na esquina dizia: “Bem-vindo a São João da Boa Vista – Ano de 1963.”

 

Um senhor simpático se aproximou e se apresentou como Vô Nino. Com um sorriso acolhedor, levou José até uma casa onde uma grande família se preparava para a festa de fim de ano. Todos estavam alegres, decorando o quintal e rindo juntos. Mas o mais especial ainda estava por vir: o tradicional teatro de Natal com os primos. Figurinos feitos à mão, roteiros inventados na hora e a plateia formada por tios, avós e vizinhos criavam uma atmosfera mágica. José foi convidado a participar e, sem saber exatamente como, acabou como personagem principal da peça. Naquela noite, sentiu-se acolhido, como se fizesse parte daquela família, daquela época, daquele amor simples e verdadeiro.


Mas, de repente, a poltrona mágica reapareceu e começou a apitar. O tempo da viagem estava se esgotando. José se despediu com o coração apertado, e num piscar de olhos, estava de volta ao porão do prédio.

 

Nos dias seguintes, ele não parava de pensar naquilo tudo. Mesmo sem saber se era um sonho ou realidade, uma ideia começou a crescer dentro dele. Reuniu seus amigos da escola e propôs algo diferente: montar um teatro de fim de ano, como nos tempos antigos. A turma topou e, juntos, criaram uma peça cheia de emoção, criatividade e afeto.

 

No dia da apresentação, enquanto os aplausos ecoavam pela sala, José jurou ter visto, no fundo da plateia, o Vô Nino sorrindo e piscando o olho. E foi aí que entendeu: às vezes, a memória dos outros pode acender a nossa própria história.

Luísa e as Casas sem Muros


 

Luísa morava numa rua mágica, cheia de segredos bons. Era uma rua com três casas bem juntinhas, onde os muros não se separavam — eles uniam. Tinham buracos nas paredes, passagens escondidas, portinhas improvisadas feitas por mãos pequenas e alegres.

 

  Ô prima, me espera! ela gritava, correndo de uma casa pra outra.

 Era como viver num mundo encantado, onde cada quintal era um reino e cada tio, uma espécie de herói.

 A casa do meio era a mais especial. Tinha um jardim tão grande que parecia não ter fim. Ali, Luísa e os primos brincavam de faz de conta: se transformavam em borboletas, fadas, piratas e exploradores. As meninas mais velhas pintavam os rostos das pequenas com batom, tinta guache e até lápis de cor. E tinha um tio muito especial, o único menino da turma!, que cuidava de todas elas como se fossem suas irmãs.

Às vezes, eles faziam festas inventadas. Pegavam toalhas de mesa, flores do quintal e organizavam piqueniques com bolacha recheada e suco colorido. Quando chovia, corriam pra dentro e faziam cabaninhas com lençóis. Era tudo tão divertido que ninguém queria ir embora.

 

 Mas um dia, Luísa teve que se mudar para São Paulo.

 A cidade era enorme, cheia de prédios altos e ruas que nunca dormiam. O céu parecia mais longe, e os carros faziam barulho demais. No primeiro dia de frio, Luísa encolheu os ombros e olhou pra avó. Com voz baixinha, pediu:

  Vó… posso voltar pra morar com você?

 Ela sentia falta do cheiro da terra molhada, dos gritos alegres dos primos e da luz dourada das tardes em Bauru. Sentia falta de estar cercada por gente que amava.

 Luísa tinha duas avós, tão diferentes e tão incríveis!

 A avó da roça, lá em Sorocaba, era forte como árvore velha. Sabia fazer broa de milho, cuidar de galinha, plantar mandioca e cortar lenha. Quando a neta se machucava, ela fazia um chá esquisito que funcionava melhor que remédio de farmácia.

  a avó da cidade, em Bauru, era toda elegante. Usava vestidos cheirosos, colares bonitos e penteava o cabelo com cuidado. Gostava de contar histórias cheias de lição, daquelas que fazem a gente pensar. Quando ela falava, Luísa achava que o mundo ficava mais calmo.

 Das duas, Luísa aprendeu o que levaria pra vida toda: Com uma, aprendeu a ser valente. Com a outra, aprendeu a ser gentil.

 Cresceu querendo cuidar dos animais. Estudou bastante, virou veterinária e passou a tratar bichos grandes e pequenos. Trabalhou em hospitais, deu aula, viajou o mundo. Foi até pra Kuala Lumpur, um lugar longe, cheio de árvores altas e comida diferente. Lá, estudou doenças misteriosas. Era como uma detetive da natureza.

 Mesmo com tanto conhecimento, ela sempre dizia:

  Quanto mais a gente sabe, mais percebe que ainda tem muito pra aprender.

 Luísa se casou com Nilo, um homem alto, engraçado e bom de bola. Ele jogava futebol com os sobrinhos, contava piadas e gostava de fazer todo mundo rir. Quando nasceu o primeiro filho, ela achava que seria menina e se chamaria Maria. Mas veio um menino! E o pai, todo animado, correu no cartório e registrou como Nilo Júnior — sem nem perguntar!

 Luísa ficou brava, claro. Mas depois riu. Porque no fundo, ela sabia: a vida é cheia de surpresas engraçadas.

 O tempo passou, e ela virou avó também. Uma avó carinhosa, que manda mensagem de boa noite com coraçãozinho e florzinha. Que escuta as histórias dos netos e diz:

Conta mais! Eu adoro ouvir você.

 Ela plantou no coração dos netos o mesmo que recebeu na infância: Brincar com liberdade. Viver com coragem. E amar com doçura.

E sabe o que é mais bonito? Luísa nunca esqueceu da casa sem muros. Ela ainda acredita que o mundo pode ser assim: Com menos paredes e mais passagens. Com mais portas abertas e menos fechaduras. Hoje, Luísa anda mais devagar, mas seus olhos continuam brilhando como quando era criança.

 Ela olha o céu e pensa: “Se eu puder deixar uma coisa para o mundo, que seja isso a ideia de que as melhores casas são feitas de gente, não de tijolos.” E talvez, um dia, seus netos também construam casas assim: cheias de afeto, com passagens secretas, jardins encantado e muros que mais parecem abraços. Porque quando a gente planta amor, até o cimento aprende a florescer.