segunda-feira, 3 de agosto de 2015

É Joana ou Ivone?


Quem conta essa história é Dona Joana, Dona Joana Gomes dos Santos, 85 anos, também e mais conhecida por Ivone, nascida e criada nas Alagoas, em Delmiro Gouveia, às margens do São Francisco, onde o seu avô tinha muitas terras, até nas ilhas do rio. E era lá que, quando o rio transbordava, a família plantava arroz, feijão, milho, melancia e abóbora. “Era minha mãe que nos ensinava o plantio”, conta Joana/Ivone, carinhosamente. Mas essa duplicidade de nomes lhe rendeu algumas situações curiosas, como quando, ainda menina de escola, sua professora lhe perguntou: “Ivone, você sabe porque sua irmã Joana não vem para a escola? ” Ao que Ivone respondeu: “Mas Joana sou eu, professora! ”. ” Como é você!? Você não é a Ivone? ”. “Sim, sou, e sou a Joana também...” Ao que a professora respondeu: “Ivone, vamos deixar de gracinhas! ” Mas Ivone insistiu e a professora, irritada, quis levá-la em casa. Lá chegando, assim que avistou a mãe, Dona Benedita, foi logo perguntando: “Porque sua filha Joana não está frequentando a escola? ” E D. Benedita, sem entender, respondeu: “a Joana é essa aí, do seu lado, professora, todos os dias dou banho nela e mandou a menina aprender na sua escola. Foi a vez da professora não entender e dizer: “mas esta é a Ivone! ” Criou-se uma grande confusão, a professora foi ficando brava, sem entender nada e resolveu ir embora. No dia seguinte, D. Benedita resolveu acompanhar a filha até as aulas, queria conversar com a professora, explicar a história. A professora, quando a viu com a menina foi logo perguntando: “A senhora trouxe a Joana para aprender hoje? ”  “Sim”, disse a mãe, “aqui está ela! ”. E a professora: “ E cadê a Ivone? ”. Dona Benedita: “É essa aqui, professora! ”. “Minha senhora, não tenho tempo a perder com brincadeiras! ”, disse a professora. E Dona Benedita, paciente: “Calma, vou explicar!  Joana é o nome de nascida, e Ivone porque gosta de ser chamada assim! ” Foi aí que a professora entendeu e caiu na risada. Pegou no braço da menina e, levando para a sala de aula, foi cantarolando: “Ivone, Joana, Joana, Ivone”...”Essa escola”, recorda D. Ivone, ” ficava nos fundos da casa da professora e para chegar lá eu enfrentava uma estrada longa, de barro e pedras, mas eu adorava caminhar e apreciar as paisagens do caminho. Durou muito pouco, nem sequer me alfabetizei, eu me sinto feliz por saber escrever meu nome completo: Joana Gomes dos Santos! É que eu tive de abandonar as aulas pelas plantações da minha família...

Nenhum comentário:

Postar um comentário